Antes e depois de fechar a boca pro meu casamento
Já contei para vocês que estou prestes a me casar (sábado que vem, por sinal!!). E não ia dar para encarar o altar com o corpo que eu estava no começo do ano. Abusei para caramba no Ano-Novo e voltei de Porto Ferreira, cidade do meu noivo, com 66,5 kg, meu maior peso na história da vida. Ainda mais porque eu sempre pesei por volta dos 58/59 kg.
Ao voltar para SP, fechei a boca e cai para 64 kg. Porém, de fevereiro até fim de julho, enfrentei momentos de muita ansiedade, especialmente porque eu estava no último semestre da faculdade de Direito. Ou seja, não tinha como não atacar aqueles docinhos às 21h no intervalo da aula! Então, cai pra 61 kg, mas voltava pra 63 kg... e assim foi até início de agosto.
Então, me dei conta que eu tinha menos de DOIS MESES para meu casamento e teria que perder peso de qualquer maneira. Novamente, fechei a boca. Cortei doces, frituras, massas, e apostei muito na academia, com treinos intervalados e alimentação a base de proteína a noite. Cai para os 61,7 kg no fim de agosto. Mas eu precisava dar um mega gás nos dias que ainda me faltavam para alcançar a meta dos 56 kg pro casório (quase consegui!).
Então, com o auxílio da excelente médica dra Paula Pires, especialista em endocrinologia, metabologia e clínica médica, apostei na dieta cetogênica, que é hipocalórica, ou seja, dieta com pouquíssimas calorias diárias. De acordo com ela, essa dieta possibilita a queima de gordura livre levando à uma produção pelo fígado de alguns ácidos: beta hidroxibutirato e acetoacetato, também chamados de corpos cetônicos ou cetonas.
— Esse processo ocorre porque o corpo está com pouco carboidrato, ou seja, pouca glicose, que é nossa principal fonte de energia. Então, como mecanismo de defesa, ele acaba encontrando fontes alternativas de energia como a própria gordura do corpo. Ou seja, ao queimar a gordura do próprio corpo, o organismo entra no processo de cetose.
Para conseguir consumir certinho as 600 calorias por dia que precisaria, eu utilizei os produtos da Pronokal, que são “comidinhas de astronauta” como apelidou o meu irmão, pois são sachês que misturados com água viram refeição (alguns até já vem pronto, como iogurte e bolachas). Comi omeletes, crepes, sucos, arroz doce, sopas, mousses de vários sabores, iogurtes, bolachas e panquecas. Eu tinha direito a 6 refeições por dia, portanto, seis produtos.
Antes de continuar, quero deixar claro para vocês que tudo isso foi feito com orientação médica. Essa dieta só é feita com recomendação médica e os produtos só podem ser comprados com prescrição. Além disso, a dra. Paula me pediu 66 exames de sangue, antes de eu começar qualquer coisa. Também tomei suplementação de sódio, magnésio, vitaminas, minerais, cálcio, entre outros, durante o todo o processo.
Entenda como funciona a dieta
A primeira etapa é a ativa. Nela, só é possível ingerir no máximo 800 calorias por dia. É nessa etapa que a perda de peso é maior. Os pacientes chegam a eliminar 80% do peso que precisam, segundo a endocrinologista. Essa etapa é divida 3 fases. Veja a seguir:
1ª – 4 a 6 refeições por dia mais vegetais autorizados
2ª- no almoço substitui-se o produto do almoço por uma proteína animal (carne ou frango, por exemplo)
2ªb- substitui-se o produto do almoço e o do jantar por proteína animal (almoço e jantar).
Durante essas fases, os suplementos de sódio, potássio, magnésio, vitaminas, cálcio e ômega 3 são dados de acordo com as recomendações nutricionais.
Depois, o paciente entra na etapa de reeducação alimentar (também chamada de adaptação fisiológica). Então, a cetose é suspensa e a pessoa vai incorporando gradualmente as comidas naturais e saudáveis, com um seguimento nutricional constante para eliminar os 20% do peso restantes.
Por último é a etapa de manutenção em que o paciente faz um dieta equilibrada para manter o peso adequado em longo prazo. Aqui, o paciente recebe um seguimento nutricional periódico durante os 2 primeiros anos.
Resumindo: o paciente começa com uma dieta super restrita, perde bastante peso e aos poucos vai voltando a uma dieta normal, seguindo por último uma dieta de 1500-2000 calorias, balanceada e saudável. A dra Paula afirma que os estudos comprovam as vantagens deste processo: perder peso rápido, no início de uma dieta, ao contrário do que muitos pensam, é bom, "pois melhora a aderência e animo do paciente a continuar uma dieta (se o paciente perde 5 kg em 10 dias, ele se sente motivado, agora se perder 1-2 kg por mês, logo, logo ele sai da dieta). Pesquisas de revistas cientificas conceituadíssimas, afirmam, o paciente que perde peso mais rápido, NÃO reganha o peso mais rápido, como muita gente gosta de falar (perde rápido e engorda o dobro depois!)".
Vamos à prática:
Comecei a dieta numa quarta-feira. A dra. Paula havia me dito que os três primeiros dias seriam difíceis, porque ,como qualquer outra dieta, pode ter efeitos colaterais. Veja quais: “fadiga, dor de cabeça, fraqueza muscular, náuseas e aumento do ácido úrico podem acontecer. Nos primeiros 2 ou 3 dias os efeitos mais comuns são: fraqueza, dor de cabeça e enjoo e esses sintomas costumam cessar assim que a cetose é atingida. Outros sintomas: queda da pressão, intestino preso, queda de cabelo". E, mais raramente, em menos de 10% dos casos, pode ocorrer: pedra nos rins, na vesícula e crise de gota, efeitos que podem ser vistos em qualquer paciente que perde muito peso, como em cirurgia bariátrica por exemplo.
Porém, no meu caso, eu passei os três primeiros dias numa boa. Costumo sofrer de enxaqueca e não tive nada. Mas a médica me prescreveu um remédio preventivo para a dor e creio que me ajudou muito. A única coisa que tive foi uma leve fraqueza ao fazer uma caminhada de 30 minutos no sol em um dos dias.
Bom, quando eu acostumei a trazer a marmitinha para trazer para trabalho, o negócio embalou de vez. Afinal, era algo bem tranquilo até. Escolhia o produto que eu poderia fazer no micro-ondas (que tem aqui na Record) e trazia minha saladinha para comer junto (algumas folhas e legumes são permitidas nessa fase da dieta) e deixava os sachês que precisaram ir ao fogão ou a geladeira para o jantar ou café da manhã, pois seria mais fácil de fazer na minha casa.
O que foi bem engraçado é que eu parei de sentir fome e perdi a vontade de comer! E há explicação para isso, segundo Paula:
— Estudos mostram que dietas cetôgenicas, mesmo muito hipocalóricas (600-800 calorias por dia) e resultando em grande perda de peso, a fome não aumenta tanto como nas dietas convencionais. Pois o aumento dessas cetonas está relacionado à regulação dos hormônios da fome, que ficam muito desregulados após uma dieta. Ou seja, dizer que essa dieta inibe a fome, seria muito otimismo! Mas parece que pelo menos ela não deixa acontecer aquela fome rebote que estamos tão acostumados!
Percebi também nesses dias é que a comida está completamente ligada ao lado emocional ou aos nossos hábitos, como por exemplo, adoro comer pizza e tomar vinho toda a sexta-feira a noite. Sr ficar sem, parece que faz mal, sabe? Mas não faz não, viu!! Se você controla bem a sua cabeça para o foco, você consegue levar a dieta. Sobre essa minha percepção, a médica também tem uma explicação “ o desejo pela comida não muda”.
— Se você é do tipo compulsivo, que come muito pelo prazer que a comida te traz ou que associa todos os tipos de sensações com a comida (se estou triste como, se estou feliz como também), talvez você continue sentindo muita fome, ou desejo de comer, mesmo após essa dieta cetogênica.
E assim se passaram 10 dias de dieta e perdi 1,7 kg. Porém, no meio do caminho surgiu a festinha de aniversário de um dos meus pajens em um buffet infantil. Era um domingo. Passei a semana no dilema: ir ou não ir (minhas amigas do trabalho sabem bem o drama que eu fiz..rsrsrs). Se eu fosse, eu saberia que sairia da dieta. Mas eu tinha que ir. Não teria como!! E como qualquer mortal, cai na desgraça dos deliciosos salgadinhos e docinhos.
Resultado: ao mudar a alimentação um único dia, meu corpo saiu de cetose e precisei esperar novamente mais 3 dias para meu organismo voltar a esse processo, ou seja, começar a queimar gordura novamente. Recomecei na segunda-feira. Não tive grandes problemas, só um pouco de mau humor nos dois primeiros dias. Mas segui adiante porque tinha um foco: casar mais magra. E a gente REALMENTE é quem comanda nosso cérebro. Fácil não é, mas é possível.
Coloquei como meta encerrar a dieta no último domingo (11), pois estava agendado a 3ª e última prova do meu vestido de noiva na terça-feira. Depois disso, não poderia mais emagrecer. Mas acabei fazendo a dieta certinha só até o sábado, porque estava de plantão na redação (quem é jornalista sabe que não é fácil) e estava muito ansiosa pela chegada do casamento, das férias...enfim. Juntou tudo e preferi fazer uma alimentação com coisas que gosto, porém, saudável. Mas para encerrar o ciclo, voltei ao consultório da dra. Paula na segunda, e fiz o teste de biopedância para comparar meus índices de massa magra, massa gorda etc. Perdi 3,2 kg na balança, mas 2 kg de gordura, 2 cm de cintura, meu bumbum que me incomodava demais reduziu de tamanho. Fiquei muito satisfeita!!!
Talvez, se eu não tivesse dado a pausa e tivesse um pouco mais de tempo para me dedicar a dieta, certamente eu teria até perdido mais 3 kg e atingindo a meta de eliminar os 6 kg que havia estipulado com a dra. Paula no nosso primeiro encontro. Mas tudo bem. Porque me sinto muito bem e, hoje, feliz com meu corpo. Além disso, já estava começando a ouvir reclamações lá em casa e do meu noivo de que eu estava “ficando muito magra”.
Estudos mostram que a perda de peso alcançada com o método PronoKal após 15 dias é de 5,31 kg, em comparação com os 2,34 kg de dieta hipocalórica, e, após 2 meses, essa perda é quase três vezes maior (13,69 kg contra 4,88 kg). Além disso, em pessoas obesas o resultado é ainda mais gritante pois o “obeso normalmente possui um metabolismo mais acelerado que um magro (quanto maior a pessoa for, mais o corpo gasta energia para se manter) e também um paciente obeso costuma comer mais que um magro – então a redução de calorias é mais brusca”.
Fonte: (Fala Saúde)
