Quem já faz uso de medicação contra males do coração precisa ficar ainda mais atento, segundo o cardiologista Leonardo Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
“Alguns remédios podem causar o descontrole da pressão arterial, o que é um fator de risco importante para um acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto, e são as doenças cardiovasculares as que mais matam no Brasil”, explica o médico.
Um problema comum com a chegada do outono, e que ocasiona mais casos de automedicação, é o aumento de alergias e de sintomas gripais. A ingestão de antigripais sem acompanhamento médico por pacientes idosos, hipertensos ou portadores de cardiopatias pode agravar as doenças do coração.
“Os remédios antigripais podem elevar a pressão arterial e ocasionar doenças como insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana e miocardite”, alerta.
Descongestionantes
É comum que os descongestionantes tenham na fórmula elementos que podem comprometer a saúde cardíaca. As fórmulas nasais, por exemplo, contêm a substância fenilefrina e podem ser fatais.
“O uso indiscriminado de descongestionantes nasais também pode propiciar aumento da pressão arterial, o que é risco certo para derrames e infartos, além do provável aparecimento ou agravamento de arritmias, inclusive as consideradas graves e que ocasionam a morte”.
O médico ainda alerta: mesmo as pessoas que não têm problemas cardíacos devem evitar o uso contínuo de descongestionante nasal sem prescrição médica, para não desenvolver um problema futuro.
“Caso a pessoa apresente sintomas gripais, o ideal é que fale com um médico de confiança para receber orientação”, ressalta.
Encontrados com facilidade nas drogarias e até em supermercados e vendidos sem necessidade e apresentação de receita, anti-inflamatórios também são grandes vilões e podem colocar o coração em risco
Anti-inflamatórios
O cardiologista faz uma advertência especial sobre o uso indiscriminado de anti-inflamatórios. Segundo ele, são vastos os estudos que apontam que os medicamentos utilizados para combater dores e inflamações podem colocar em risco a saúde do coração. Entre os mais comuns estão o ibuprofeno, o diclofenaco sódico e a nimesulida, todos vendidos sem receita e facilmente encontrados em drogarias e até em supermercados.
“Se você tiver doença no coração ou nos vasos sanguíneos (também chamada de doença cardiovascular, incluindo pressão arterial alta não controlada, insuficiência cardíaca congestiva, doença isquêmica cardíaca estabelecida, ou doença arterial periférica), o tratamento com esses remédios geralmente não é recomendado”, explica.
Para reforçar o alerta, o médico relata a história de uma paciente que ao tomar um anti-inflamatório para aliviar dores no joelho teve uma insuficiência renal grave.
“A evolução para este quadro foi muito rápida. Ela tomou o anti-inflamatório por apenas três dias, o que foi suficiente para que, em menos de uma semana, estivesse com uma falência renal grave. Ainda bem que no caso dessa paciente estamos conseguindo reverter o quadro, mas nem sempre isso é possível”.
Fonte: (Hoje em Dia)