A cobertura vacinal contra o HPV, principal causa de câncer de colo de útero, ainda está abaixo do esperado entre os adolescentes em Belo Horizonte. A meta é imunizar 80% dos jovens, mas levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) aponta que pouco mais da metade (57%) das meninas de 9 a 14 está protegida.

No caso dos meninos, a primeira dose já abrangeu 85% do público na metrópole. No entanto, a segunda só cobriu 37%, necessária para que a vacina faça efeito, conforme a infectologista pediátrica Lilian Martins Oliveira, professora da Faculdade de Medicina da UFMG. O intervalo entre as aplicações deve ser de seis meses.

A situação é pior em Minas. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) indicam que apenas 15% dos meninos e 48% das meninas receberam a dose de reforço. Os baixos índices, explica Lilian Martins, estão ligados à idade do grupo prioritário, que não tem muitas vacinas de rotina, como é o caso das crianças no primeiro ano de vida. “Por isso, os pais não têm tanta preocupação de seguir à risca um calendário já que isso não é um hábito na vida dos adolescentes. Acaba parecendo ser algo pouco importante”.

Porém, a especialista reforça que a imunização é aplicada nessa fase da vida justamente porque a resposta do organismo é mais eficaz. “Como a maioria ainda não iniciou a vida sexual, eles são vacinados previamente”, observa Lilian. 

A proteção torna-se ainda mais necessária porque, conforme o Ministério da Saúde, 30% dos cânceres provocados por vírus no mundo são causados pelo HPV. Sexualmente transmissível, ele infecta pele e mucosas da boca ou das áreas genital e anal, provocando verrugas e diferentes tipos de tumores.

“Com a vacina, evita-se que as garotas tenham nódulos no colo do útero. No caso dos meninos, além de prevenir o câncer de pênis, a imunização barra a transmissão do vírus para elas”, acrescenta a infectologista da Faculdade de Medicina da UFMG.

591 mil meninos ainda não receberam a segunda dose contra o HPV em Minas; entre as meninas, são 601 mil

Campanha

Na tentativa de aumentar os índices de pessoas vacinadas contra o HPV, o Ministério da Saúde iniciou ontem uma campanha publicitária direcionada aos mais jovens. A convocação tem como objetivo alcançar 20,6 milhões de meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirma que irá seguir a recomendação da União e orientar as pessoas a procurar os postos de saúde dos municípios para serem protegidos. Conforme a prefeitura de BH, ainda não há definição sobre uma possível mobilização para imunizar adolescentes, uma vez que a metrópole está voltada para a campanha contra o sarampo e a poliomielite, prevista para acabar amanhã.

Pesquisa

No Brasil, estima-se que a prevalência do HPV é de 54,3%, sendo que mais de 37% têm alto risco para câncer, de acordo com pesquisa preliminar feita pelo ministério, universidades e secretarias municipais de saúde das capitais. Os resultados finais do estudo serão divulgados até o fim do ano.

 

 

 

Fonte: (Hoje em Dia)