Não existe idade certa para aprender a nadar. A aposentada Luzia Guidetti da Silva deu suas primeiras braçadas aos 60 anos de idade. Hoje, com 68, é praticante assídua do esporte. “Sinto mais disposição para os serviços de casa, para caminhar, fazer compras... Acho que o esporte na água é muito relaxante. Durmo melhor e acordo bem descansada e disposta para enfrentar o dia a dia”, aponta a paulistana.

Realmente, estudos apontam uma melhora no humor e na cognição com a prática do esporte, principalmente de pessoas mais velhas. “Mas o mecanismo de como isso acontece não é bem estabelecido”, ressalta Omar Jaluul, geriatra do Hospital das Clínicas e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SP). Desconfia-se, porém, que um dos fatores está na interação social, aliado ao poder relaxante da água. A dona de casa Dorothy, por exemplo, relata: “Você faz amizade com um grupo de pessoas esportistas, o assunto do esporte flui entre nós”. Ela também aponta a criação de umobjetivo, o que muitas vezes é perdido pelas pessoas depois que se aposentam de seus trabalhos. “A vida muda, e a gente passa a sonhar com competições, nada pensando em melhorar o tempo e tem a vontade de ganhar, mesmo que o importante seja apenas competir”, descreve a nadadora Dorothy.
Isso impede, por exemplo, que o idoso se encasule em si mesmo, quadro que pode potencializar doenças degenerativas, como o Alzheimer. Até porque não é só no meio esportivo que as interações sociais podem aumentar, isso também acontece em outros campos da vida, devido à melhora na locomoção e equilíbrio. “Esses idosos se mostram mais confiantes em suas atividades diárias, podendo, assim, manter seus vínculos interpessoais de maneira mais autônoma”, destaca Flávio Dezan, educador físico e especialista em Psicologia do Esporte da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
Além disso, quando feito de forma correta, o treino na piscina pode melhorar a atividade do cérebro. “A natação é feita com uma variedade de exercícios que obriga o praticante a se esforçar para manter um padrão de coordenação alto durante a prática”, ressalta Carvalho. Ele ainda aponta que a variação de intensidade, volume e tempo dos exercícios melhora a rede neural do praticante, e isso também contribui para o aprimoramento da coordenação motora em geral.
Estudos também indicaram a participação da natação na melhora dequadros de humor, como evidencia Dezan. “Os exercícios físicos podem também fornecer benefícios psicológicos relacionados à preservação da função cognitiva, alívio dos sintomas de depressãoe ansiedade, assim como aos distúrbios relacionados aocomportamento, e há melhora na autoestima”, descreve o especialista em Psicologia do Esporte. Nesse último aspecto, o fato que mais o influencia é a possibilidade de preservação das habilidades físicas, e a sensação de ser útil e independente.
Não há limites para a prática da natação. Pode-se treinar até mesmo todos os dias, mas com o auxílio de um treinador, que delimitará a intensidade do exercício. Mas o mais comum é que o nadador pratique duas vezes por semana. Agora, se você está aprendendo a nadar, , o educador físico, professor de natação da 4fit Academia e técnico da equipe de nado da Atlética da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), André Carvalho, recomenda a prática de duas a três vezes por semana, “pois facilita a retenção desse aprendizado”, explica. De qualquer forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica nomínimo 30 minutos de exercício por dia, seja ele qual for. Então, se nadar é realmente sua praia, o que você está esperando? Faça agora sua avaliação física e mergulhe com tudo na piscina mais próxima.
Fonte: (Viva Saúde)