“Pessoas com hipertensão são proibidas de se exercitar.” Se você já ouviu essa frase ou, pior, soltou-a por aí para justificar o próprio sedentarismo, saiba que cada vez mais surgem evidências científicas do contrário. Uma revisão recente de nada menos que 391 estudos publicada no British Journal of Sports Medicine (BJSM) indica, por exemplo, que o esforço físico tem o mesmo potencial dos remédios no controle dessa doença.
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Então quer dizer que o pessoal ativo pode abandonar a medicação? De jeito nenhum! Os resultados dessa investigação, conduzida por instituições americanas e europeias, sugerem encarar as doses diárias de movimentação como parte central do tratamento, junto com os comprimidos.
Para entender o porquê, cabe lembrar que, na hipertensão, as artérias ficam mais contraídas do que o normal, dificultando a passagem do sangue. Esse aperto, por sua vez, faz a pressão decolar.
“Os exercícios regulam o sistema nervoso simpático [ordens do cérebro que incluem a constrição dos vasos] e aumentam a produção de óxido nítrico”, explica Claudia Forjaz, profissional de educação física da Universidade de São Paulo (USP). Essa molécula, para quem não a conhece, relaxa as artérias.
Entre as várias modalidades esportivas a serem escolhidas pelos hipertensos, cabe destacar as aeróbicas, que trabalham bastante o fôlego. “Elas promovem uma melhor distribuição sanguínea e a geração de substâncias vasodilatadoras. O óxido nítrico, por exemplo, é liberado em maior quantidade com esse tipo de prática”, observa André Fernandes, vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio de Janeiro e Espírito Santo (CREF-1).
Mas não é para deixar de lado os treinos de força, não. A musculação prepara o corpo para outros exercícios — o que diminui o risco de lesões — e, acima de tudo, contribui para a saúde de maneira geral. Até porque ninguém se resume a uma doença, certo?
Para controlar a hipertensão de vez e, assim, dar mais espaço às coisas que fazem a vida valer a pena, separamos a seguir os principais cuidados que alguém com esse problema crônico precisa ter ao abandonar o sofá. Veja:
2. Aposte na duração
Ao contrário da intensidade, o tempo de exercício não vai provocar picos de pressão. Ou seja, os hipertensos conseguem domar seu problema com segurança ao prolongar o período destinado ao treino.
Em relação aos aeróbicos, recomendam-se pelo menos 30 minutos, três vezes na semana (o que pode aumentar com o passar dos meses). Já na academia, “apostar na duração” significa reduzir o peso e elevar o número de repetições a cada série.
4. Descanse e meça a pressão
Na musculação, é importante repousar de um a dois minutos entre um aparelho e outro. Essa pausa serve para baixar os batimentos do coração e não deixar a pressão ir às alturas. Os intervalos, aliás, são uma oportunidade para verificar se o sistema cardiovascular está se comportando direitinho.
“Um limite aceitável durante os exercícios é de 200 mm/Hg na pressão sistólica”, sugere o cardiologista e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Júlio Braga.
Conversar com um profissional para definir o próprio limiar é uma boa medida. Se ultrapassá-lo, bote o pé no freio, pelo menos por um momento.
6. Não prenda o ar
Eis uma prática comum em exercícios isométricos — aqueles em que ficamos parados numa postura — ou quando levantamos peso demais. Pois fique sabendo que o simples ato de segurar o ar na malhação é contraindicado a hipertensos.
“Nessa manobra, a contração da musculatura respiratória estimula a ação do sistema nervoso simpático”, informa Rafael Pitta, educador físico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Com ele no comando, a pressão sobe.
8. Sempre converse com um profissional
Antes de sair por aí suando a camisa, o indivíduo com hipertensão deve se submeter a uma avaliação médica do próprio condicionamento físico, que em geral inclui o teste ergométrico. O recado vale principalmente para quem também apresenta diabetes, colesterol alto ou outras encrencas cardiovasculares.
Buscar a orientação de um educador físico é outro conselho precioso para afastar os riscos de qualquer exercício.
Pare de malhar se tiver
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Aumento expressivo e súbito da pressão
Como largar o sedentarismo reduz a pressão, o médico talvez precise acertar as doses das medicações anti-hipertensivas. Além disso, algumas classes de remédios podem alterar a frequências dos batimentos cardíacos ou deflagrar cãibras — dois fatores que atrapalham as passadas e pedaladas. Se isso acontecer, converse com o doutor.
Fonte: (MSN)